Introdução aos Sacramentos

UMA PERSPECTIVA ORTODOXA ORIENTAL

Mar Gregorios Youhanon Ibrahim
Bispo Metropolita de Alepo e Cercanias – Síria
Tradução e notas do diácono evangelista
Aniss Ibrahim Sowmy1. Introdução geral aos sacramentos:1.1. Não pretendo neste discurso abordar a base bíblica em cada sacramento como os autores contemporâneos. Em verdade, todos os autores das Igrejas Ortodoxas Orientais abordam os sacramentos: Batismo, Crisma (Santo óleo – Muron – da confirmação), Arrependimento/confissão, Eucaristia, Matrimônio, Sacerdócio e Unção dos enfermos, todos eles citam os mesmos versículos tanto do Velho como do Novo Testamento confirmando todos estes sacramentos e o mesmo ocorrendo quando falam da participação do Espírito Santo nos sacramentos.2.1. Os autores contemporâneos das Igrejas Ortodoxas Orientais escreveram sobre os sacramentos a partir de diferentes aspectos: bíblico, canônico, bíblico-espiritual, histórico e litúrgico.
Desde o século IV até o final do século XIV os estudiosos da Igreja Siríaca (Sirian) Ortodoxa de Antioquia (ISOA) que é a minha Igreja estudaram detalhadamente os sacramentos.

Focando os sacramentos do Batismo, Crisma, Sacerdócio e Eucaristia, escreveram de forma clara e detalhada variados textos teológicos, exegéticos, espirituais e ascetas.
Alguns destes textos ainda estão conservados nos manuscritos siríacos. Em verdade nós nos consideramos privilegiados e com sorte de ter fontes tão importantes nestes assuntos. Ironicamente não há um único autor ou livro que se dedicou à analise especializada dos “sete” sacramentos como nos nossos dias quando estudiosos e autores se especializam nesta matéria.

Quero aqui citar o trabalho de uma de nossas fontes de conhecimento; ele é Jorge, o bispo para os árabes (+725AD) e que fora consagrado em 686AD para os árabes de Al Kufa situados no atual Iraque; ele escreveu um livro de forma concisa em quinze páginas tratando dos sacramentos e escolhi para citar o que segue do seu prefácio: “os doutores da Igreja fizeram exposições dos ministérios, exposições de fôlego e minuciosas em alto estilo em especial São Dionísio, o discípulo do apóstolo Paulo, um dos juízes do areópago que era bispo na cidade de Atenas: Eu também fiz uma sucinta para instrução dos amantes da doutrina especialmente aqueles que são pusilânimes como nós e são incapazes de constantemente ler os volumes dos santos padres ou porque não os tem a mão ou porque nem todos são capazes de compreender o sublime significado como os santos padres… o início, portanto, dos mistérios dos cristãos é a fé verdadeira”.(1)

3.1. Isto comprova como nossos estudiosos no século VII reconheceram os sacramentos da Igreja. Jorge, o bispo para os árabes, por exemplo, tratou compreensivelmente com apenas quatro sacramentos iniciando com a fé depois o batismo seguido da Santa Eucaristia e finalmente a confirmação-crisma. Ele pode ser considerado o sacramento da fé como a entrada para o sacramento do batismo, no entanto ele demonstrou nitidamente que a base dos sacramentos no cristianismo é a fé verdadeira. Alocou os ensinamentos da fé aos diáconos e sintetizou seus ensinamentos consistindo em ouvir e familializar-se com os evangelhos, no entanto, o ministério do batismo era de exclusividade do sacerdote.

4.1. Em siríaco ou aramaico a palavra “ROZO” no novo testamento tem vários significados. Decididamente não quer dizer “SECRETO” ou “ESCONDIDO”, pois, estes em siríaco seriam “TAXIO” ou “CASSIO”. Por exemplo, quando José não queria tornar pública a concepção da Virgem Maria pensou em divorciar-se dela secretamente – “MTAXIOITH”. A mesma palavra é citada quando Jesus visitava Betânia após a morte de Lázaro, Marta foi chamar sua irmã Maria secretamente – “CASSIOITH”. (2)
A palavra “ROZO” – “MISTÉRIO” – é usada no evangelho na forma como nós a entendemos quando usada para os sete sacramentos. Por exemplo, na parábola do semeador, como em São Marcos, Jesus diz aos seus doze discípulos “a vós é dado conhecer o mistério (rozo) do reino de Deus” (3). Aqui Ele não usa a palavra “segredo” como é usada em algumas traduções modernas.
São Paulo usa a palavra “ROZO” – “MISTÉRIO” – nas suas epístolas corretamente no mesmo sentido. Os exemplos a seguir são elucidatórios:

Na primeira carta a Timóteo diz: “em verdade grande é o mistério divino (rozo) da virtude, ele é revelado na carne, justificado no espírito, visto pelos anjos, pregado aos gentios, acreditado pelo mundo e recebido em grande glória”.(4)

Do mesmo modo escreveu aos romanos: “agora nós vos entregamos a Deus que vos confirmará no meu evangelho que é pregado em Jesus Cristo na revelação do mistério (rozo) que estava escondido desde o princípio do mundo”. (5)

Também aos coríntios ele escreve dizendo: “observai, eu vos conto um mistério (rozo) nem todos morreremos, mas seremos transformados”.(6)

E novamente aos romanos diz “Eu estou desejoso meus irmãos para que vocês conheçam este mistério (rozo)”.(7)

Finalmente quando discorre sobre a relação entre esposas e maridos na sua epístola aos efésios diz: “grande é este mistério (rozo), mas falo a respeito de Cristo e da sua Igreja”.(8)

Fica, portanto, claro que “MISTÉRIO – ROZO” em siríaco tem um conceito mais profundo do que a palavra “ESCONDIDO” ou “SECRETO”.

Os padres siríacos como São Paulo, distinguem entre “MISTÉRIO” e “SECRETO” nos seus ensinamentos. Hoje a palavra “ROZO” – “MISTÉRIO” – na terminologia da Igreja significa um santo rito que produz uma graça invisível na alma da pessoa a que é ministrado e do qual ele ou ela recebe força espiritual, portanto, a palavra “ROZO” é usada para os dois sacramentos que não incluem ordenações proveitosas.

5.1. Cremos que todos os fiéis podem receber todos os sacramentos exceto o do sacerdócio que é ministrado apenas aos homens. Alguns dos sacramentos são ministrados uma única vez na vida como o batismo, confirmação-crisma (santo óleo Muron) e sacerdócio. Os demais sacramentos podem ser ministrados mais de uma vez como o casamento-matrimônio e a unção dos doentes. Outros como arrependimento-confissão e a santa eucaristia são continuamente ministrados até o último suspiro.

6.1. Consideramos os quatro sacramentos: batismo, crisma, confissão e santa eucaristia como essenciais à salvação humana. Os demais sacramentos: matrimônio, sacerdócio e unção dos enfermos não são essenciais à salvação.

7.1. Durante o rito do batismo o fiel recebe três sacramentos: batismo, crisma e santa eucaristia.

8.1. Na tradição da nossa Igreja cremos no batismo da criança quando pequenina, e, portanto, não esperamos até que o fiel atinja uma certa idade antes de receber os sacramentos do batismo, crisma e santa eucaristia.

9.1. Os sacramentos ministrados uma única vez na vida, batismo, crisma e sacerdócio não devem ser repetidos. Isto é feito de acordo com os ensinamentos de São Paulo: “agora é Deus que vos confirmou conosco em Cristo e que nos indicou, ungiu e firmou seu espírito em nossos corações”.(9)

10.1. Em uma de suas cartas contra aqueles que diziam que os homens penitentes que uniram ao Sínodo de Calcedônia e anatemizou todos os que chamam o nosso único Senhor, Jesus Cristo, de duas naturezas depois da inefável união e voltam à fé ortodoxa devem ser novamente ungidos, São Severius, escreve que os padres fizeram uma distinção quando falavam do batismo: “dizem aqueles que o que foi batizado em nome das três substâncias, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mesmo tendo sido batizado pelos heréticos, mas mesmo assim confesse as três substâncias, não deve ser rebatizado, mas, converso das outras heresias, certamente deve ser aperfeiçoado (NEXTALMUN) pelo batismo da Igreja. Esta opinião, os trezentos e dezoito padres reunidos em Nicéia seguiram e todos os que nutriram as Igrejas depois deles”.(10)

11.1. Na nossa tradição para a conduta bem sucedida do ritual ou do sacramento três elementos são necessários:

1 – A matéria que é a água
2 – A fórmula – são as palavras que o sacerdote profere durante o batismo:
“Fulano é batizado para a santidade, a salvação, uma vida imaculada e para a abençoada ressurreição dos mortos na esperança da vida e o perdão dos pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
3 – O servo do sacramento é o sacerdote que está canonicamente autorizado como está escrito nos Atos dos Apóstolos: “depois de jejuarem e orarem e imposto as mãos sobre eles, eles os enviaram”.(12)
A Igreja autorizou uma exceção na ausência do sacerdote: os diáconos são autorizados a batizar apenas as crianças muito doentes.


2 – A Liturgia dos Sete Sacramentos:

2.1. A liturgia siríaca atravessou diversos estágios de aperfeiçoamento até chegar à forma presente. Conforme a tradição da ISOA a Igreja Cristã Primitiva iniciou-se com hinos e os fiéis cristãos cantavam “a glorificação da Virgem Maria” de Isabel (13) a mãe de São João Batista ou o canto de exaltação da “profecia de Zacarias” (15), a exaltação dos anjos após o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo: “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (16), como, também, as palavras de gratidão de Simão e Ana (17)*.

Nota do tradutor: Não há dúvida que estes cantos podem ter sido praticados pelos primeiros cristãos, mas, a Oração Celestial – Pai nosso – era o ponto alto da assembléia logo depois de abençoar e partir o pão e abençoar o vinho transformando-os no verdadeiro Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Se olharmos para o lado das comunidades judaicas que adotaram o cristianismo é notório e sabido que não abandonaram suas tradições de imediato, portanto a prática dos salmos e das leituras das escrituras sagrada ou velha testamento persistiu formando a base do que conhecemos como a liturgia da palavra. Já nas comunidades dos gentios que se tornarão o grande esteio do cristianismo principalmente na atual região da Síria, Líbano, Turquia e Iraque vemos que desde os primórdios do cristianismo existem exemplos de organização cerimonial com Ignatius o Iluminador, primeiro sucessor de Pedro o Apóstolo na Cátedra de Antioquia organizando corais nos altares das Igrejas e podemos concluir que vários hinos das seitas não cristãs foram adotados com novas letras no cristianismo, infelizmente com a corrida da valorização espiritual proposta por Nosso Senhor Jesus Cristo, os primeiros organizadores da ISOA não nos deixaram muitos registros históricos deste início da história e muita coisa dela se sabe por referencia. Não há dúvida que a grande escola propagadora do cristianismo foi a ISOA com seus missionários que se espalharam por todo o mundo antigo conhecido, eles melhor do que ninguém compreenderam a verdadeira mensagem de Cristo, pois, falavam sua língua, o aramaico, enquanto, os judeus achavam que chamava por Elias na cruz! São os chamados gentios da Província Romana chamada Siríaca que aceitaram-no primeiramente como seu Salvador e Filho de Deus!

Desta forma entendemos as palavras dos Atos dos Apóstolos: “quando o dia do Pentecostes se cumpriu, enquanto estavam juntos reunidos…” (18) assim como “pois todos os homens glorificavam a Deus pelo que acontecera” (19) e a advertência de São Paulo aos fiéis na carta aos efésios: “falando às suas almas em salmos, hinos e cantos espirituais, cantem com seus corações ao Senhor” e aos colossenses: “deixem a palavra habitar em vós abundantemente em toda sabedoria, ensinamento e exortando-vos uns aos outros em salmos, hinos e cantos espirituais, cantando com graças a Deus em seus corações”.(21) Estas palavras de oração, exaltação e gratidão tornaram-se a pedra fundamental da formação e do desenvolvimento da liturgia que é usada até hoje na ISOA.

2.2. Até o século IX AD, os livros litúrgicos usados eram às vezes sucintos outras vezes outras vezes mais extensos. Entre os nossos diversos estudiosos que revisavam muitas das nossas orações e livros de liturgia até o século XIII são:

São Tiago de Edessa (+708) (Mor Yacoub d’Urhoi) que revisou o livro das orações diárias (Xhimo) e o livro das orações vesperais e matutinas dos sábados e domingos (Fankitho), o livro das festas maiores (M’hadhedono) e os livros dos ritos do batismo, matrimônio, a benção das águas na epifania, exéquias ou funerais dos bispos, sacerdotes e leigos (homens, mulheres e crianças).São Tiago escreveu também, sobre o batismo na Igreja, a santificação dos Santos Óleos da Crisma (Muron) com destaque especial para a diferença entre o Santo Óleo da Crisma e o Santo Óleo da Unção.

Outro estudioso é São Yohaness (Mar Yauanis), bispo metropolita de Dara (+860) dedicou um capítulo do seu livro de teologia aos sacramentos do batismo, crisma e santa eucaristia.

Da mesma forma, Mar Muxe Bar Kifo (Moisés o filho da Rocha) (+903) compôs um estudo de 24 capítulos sobre os sacramentos da Igreja concentrando-se no batismo, eucaristia e o óleo da crisma, dedicando, também, um tratado detalhado sobre a ordenação dos diáconos, sacerdotes e bispos.

Outros estudiosos dedicaram-se aos mesmos assuntos até o século XIII.

3.2. Hoje usamos diferentes ritos no batismo para o sexo masculino e feminino sem diferenciação de idade. Este rito inclui o sacramento da confirmação-crisma e isto ocorre quando o sacerdote eleva o vaso do “Muron” – óleo santo da crisma sobra às águas de forma reverente com o sinal da cruz dizendo: “a água Vos Vê, Ó Deus, as águas Vos viram e amedrontaram-se. A voz do Senhor está sobre as águas; o glorioso Deus trovejou. Deus está sobre as águas” (hzauk mor maio aloho…), então o sacerdote despeja o santo Muron nas águas em sinal de cruz dizendo: “despejamos o Santo Muron nestas águas do batismo para as benesses da regeneração e incorruptibilidade em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.(23)
Em seguida o padre umedece seu polegar direito com o santo óleo da unção diretamente do vaso do óleo da unção e unge a testa da criança e a cada invocação faz o sinal da cruz dizendo: “fulano(a) é ungido(a) com o óleo da alegria para que possa enfrentar as tentações demoníacas e possa ser enxertada na oliveira cultivada na Sua Santa Igreja, Católica e Apostólica em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.(24)**

Veja os cânones e instruções do NOMOCANON (HUDOYO) e outros cânones eclesiásticos anexos e em prática na ISOA no livro do Sacramento do Batismo de acordo com rito da ISAO.

Nota do tradutor: todas as igrejas basilares usavam o termo “católica” desde os primórdios do cristianismo entendendo-se tratar de igreja universal. O termo aparece na confissão de fé – Credo – e continua sendo usado até hoje, deve, no entanto cada igreja basilar usar o termo de forma compreensível sem provocar confusão.

4.2. Devemos observar que na ISOA existe um rito especial requintado para a santificação do santo óleo da crisma – Muron. No princípio incluía-se esta benção na jurisdição dos bispos, mais tarde esta autoridade ficou restrita exclusivamente à pessoa do Patriarca.

5.2. O rito da santificação do santo óleo usado para a unção dos enfermos está na jurisdição e autoridade dos bispos. Este sacramento é ministrado pelos padres para os fiéis de ambos os sexos sem restrição de idade.

6.2. O rito do arrependimento consiste em expressões específicas ditas pelo sacerdote à pessoa que confessa, antes, durante e após a confissão dos pecados; confissão esta que só deve ocorrer diante do sacerdote. Estas expressões ou palavras consistem basicamente de versículos do novo testamento e ensinamentos dos santos padres. O arrependimento é alcançado através da vontade da pessoa especialmente quando diz: eu estou verdadeiramente arrependido e grande é o meu remorso por todos os pecados que cometi, e, estou decidido a não trilhar novamente os caminhos perversos do pecado; aceita ó Senhor minha confissão e contempla-me com a Vossa graça para que possa escolher a morte ao invés de deshonrar-Vos”. (25)

7.2. O ritual do matrimônio foi muito bem revisado na nossa tradição. Usamos orações e bênçãos especiais para o caso das virgens ou das viúvas. Atualmente existem orações adaptadas para o caso de algum dos esponsais estar no seu terceiro matrimônio.

Veja também os cânones e as instruções anexas.

8.2. O sacramento do sacerdócio é ministrado só para os homens e uma única vez na vida. O ritual deste sacramento inicia-se com um curto sermão para os diáconos e um mais extenso para os sacerdotes. Hoje temos o Rito de Consagração dos diáconos (acólito – Mzamrono, leitor – Koruio, subdiácono – Fediacono, diácono evangelista – Euengueloio, arquidiácono – Arkediacon), o Rito dos sacerdotes (celibatários e casados), dos bispos (bispos, católicos-Maferiono) e Patriarca.

Nota do tradutor: Para maiores detalhes sobre o sacerdócio na ISOA veja neste site sob o título “O Sacerdócio na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia”.

9.2. Com relação ao sacramento da santa eucaristia de acordo com a tradição da ISOA a origem da liturgia volta-se para São Tiago (Mor Yacoub), primeiro bispo de Jerusalém. Esta liturgia hoje chamada de “ANAFURA” incorreu em algumas alterações e acréscimos no decorrer do tempo. O uso da liturgia de São Tiago como a conhecemos hoje se iniciou antes do século IV. (26)

Nota do tradutor: A liturgia de São Tiago foi usada ininterruptamente pela Igreja, pois, a liturgia propriamente dita é a fórmula que Nosso Senhor Jesus Cristo utilizou para a transformação do pão e do vinho no seu corpo e sangue, ministrando-O aos fiéis para a salvação de todos que nEle crêem. Os acréscimos havidos à liturgia básica são a aparte inicial ou invocações da intercessão da Virgem Maria e de todos os santos, a exaltação à segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, e, a liturgia da palavra que são as leituras do velho testamento, dos atos dos apóstolos, das epístolas culminando com a leitura do Evangelho pelo sacerdote oficiante seguido do sermão e da súplica ou razões da oferenda.
Acrescentou-se após o Concílio de Nicéia a confissão de fé ou credo (creio em Deus Pai…) só a partir daí tem início a liturgia propriamente dita de São Tiago com o ósculo santo e a invocação do Espírito Santo sobre os elementos.
Segue a oração de benção, santificação e transformação dos elementos, o pão e o vinho misturado à água no corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e a descida do Espírito Santo completando o ato de transubstanciação (epiclesis).
Os dípticos em número de seis dedicados aos patriarcas, irmãos fiéis, reis, santos, santos padres e fiéis falecidos seguramente devem ter sido acrescidos a partir do século IV.
Após os dípticos segue a elevação dos mistérios e a comunhão do celebrante, dos diáconos e dos fiéis terminando com uma benção final ou de despedida que seguramente faziam parte da liturgia original de São Tiago.
Atualmente o sermão tem lugar logo após a elevação dos mistérios e antes da comunhão.

Algumas informações bastante antigas sobre a liturgia podem ser encontradas nos escritos de Santo Efrem o Siríaco (+373), São Tiago de Srug (+521) e diversos outros estudiosos e poetas das duas escolas de Nsebin e Edessa.

A maior parte da liturgia de São Tiago na forma atual como a conhecemos foi compilada e revisada por São Tiago de Edessa (+708) com algumas modificações menores nos séculos XII e XIII. Outras alterações mínimas e padronizações formatam os atuais missais litúrgicos pela primeira vez impressos com instruções e autorização dos patriarcas antes da virada do século XX. Como fato consumado o Patriarca Afrem Barsoum compilou no ano de 1943 uma lista de oitenta “anáforas” ou liturgias em uso na nossa Igreja.

Nota do tradutor: historiadores da segunda metade do século XX afirmavam existir oitenta e quatro diferentes liturgias em uso até o século XIX.

No mais, é importante elucidar que não existe nenhum estudo acadêmico ou pesquisa em qualquer instituição oriental ou ocidental que trace as origens da liturgia na nossa Igreja durante os quatro primeiros séculos do cristianismo. Maiores análises destes manuscritos que sobreviveram podem nos dar uma nítida imagem das suas origens e sucessivo desenvolvimento.

Nota do tradutor: Ibrahim Gabriel Sowmy (*1913 +1996) historiador em sua obra “Cultura dos Povos assírio-arameus” traça um paralelo a exemplo de São Paulo entre o sacerdócio de Melquisedec e de Nosso Senhor Jesus Cristo detalhando inclusive o uso de cerimônias e cantos, mostrando efetivamente que a verdadeira origem da liturgia das chamadas igrejas siríacas cristãs tem sua base nos rituais das antigas comunidades siríacas. Apesar do desinteresse dos estudiosos ocidentais de aprofundar-se neste campo o que se vê é um interesse proposital de vincular o cristianismo ao judaísmo quando este último abertamente o repudiou e repudia.

3. Para concluir quero aqui mencionar a questão do número dos sacramentos
na nossa tradição, assunto este não muito claro até para nós. Em verdade não distinguimos entre sacramento e semi-sacramento. Nossos padres só citam sacramentos essenciais à salvação e aqueles que não são essenciais. Alguns estudiosos acreditam que o número sete simboliza as sete graças do Espírito Santo citados em Isaías: “e Ele estará em paz, e o Espírito de Deus estará nele, o espírito da sabedoria, da compreensão, o espírito do aconselhamento e poder, o espírito do conhecimento e da reverência ao Senhor”. (27)

Até o século XIV no Sínodo da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia fixou-se especificamente o número dos sacramentos em sete.

Posso citar dois exemplos: um testemunho anterior ao século X foi o bispo Jorge de quem já falamos no seu livro “Uma Exposição sobre os Mistérios da Igreja” no qual ele começa com as seguintes palavras: o único, pois, dos mistérios dos cristãos é a fé verdadeira” (28), depois discorreu sobre o batismo, a crisma e a santa eucaristia.

Outra referencia anterior ao século XIV é Bar Hebroyo (Bar Hebraeus + 1286). No seu livro “Candelabro do Santuário” – Mnorath Kudxo, fala do sacerdócio, o santo óleo da crisma – Morun, eucaristia, jejuns e orações comemorativas, funerais e matrimônio.

Isso prova que até os dias de Bar Hebraeus (+1286) a ISOA não citava os sacramentos como sendo sete. Não há dúvidas que a Igreja usava todos os sacramentos, mas até o final do século XIII não podemos afirmar que a Igreja reconhecia os sacramentos como sete como nos dias de hoje. No entanto, nas fontes teológicas a palavra “ROZO” – mistério – sempre se refere à Santíssima Trindade – “ROZO DATLITHOIUTHO” – Mistério da Santíssima Trindade – e, como “ROZO D´METBARNOXUTHO” – O Mistério da Encarnação.

Concluímos citando o artigo 146 da Constituição da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia: “é uma das dádivas de Deus a Igreja dando-lhe os sete sacramentos quais sejam o Batismo, a Crisma, o Arrependimento e conseqüente confissão, a Eucaristia, o Matrimonio, o Sacerdócio e a Unção dos Enfermos. Portanto os bispos e padres orientam os fiéis à prática necessária dos santos sacramentos e encorajá-los à unção dos enfermos sempre que necessário”.(29)

Notas do Autor:

(1) Codrington, H.W., and Connlly, R.H, Two comentaries on the Jacobite Liturgy (1913), p11.
(2) João 11: 28
(3) Marcos 4:11
(4) I Timóteo 3:16
(5) Romanos 16: 25
(6) I Coríntios 15: 51
(7) Romanos 11: 25
(8) Efésios 5: 32
(9) II Coríntios 1: 21-22
(10) ,hcxointnA fo hcrairtaP, sureveS fo retteL, tceleS eht fo koob htxiS ehT ,hcointnA fo hcraitaP soireveS raM – Traduzido por E.W.Brooks (Oxford 1903), II, pp294,297.
(11) The Sacramorf detalsnart, hcointA fo hcruhC xodohtro nairyS ht fo etiR tneicnA eht ot gnidrocca msitpab fo tnem the original Syriac (1974), p.70.
(12) Atos 3:13
(13) Lucas 1: 46-55
(14) Lucas 1: 42-45
(15) Lucas 68-79
(16) Lucas 2:14 e 29-32
(17) Atos 4: 34
(18) Atos 4: 34
(19) Lucas 2: 29-32
(20) Atos 4: 21
(21) Efésios 5: 19-20 e Colossenses 3: 16
(22) M´Hadhedono – Livro dos Ritos Antigos das datas comemorativas da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia, traduzido do siríaco para o inglês pelo Arquidiácono Murad Saliba Barsom, edição 1984 Líbano.
(23) O Sacramento do Batismo de acordo com o Rito da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia traduzido do siríaco para o inglês pelo Arquidiácono Murad Saliba Barsom, edição 1974, p.4.
(24) O Sacramento do Batismo… p. 50
(25) Mar Ignatius Ephrem Barsoum, The Spiritual Treasure on Canonical Prayer (1956), tradução para o inglês 1999, p. 129.
(26) Anaphorae Syriacae, II.2, Anaphora Sacti Iacobi, edição e tradução Odilo Heiming, Roma 1952.
(27) Isaías 11: 2
(28) Codrington, H.W., and Conolly, R.H, Two Commentaries on the Jacobite Liturgy (Oxford 1913), p.11.
(29) Constituição da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia, artigo 146.

Bibliografia:

1 – Os versos do Livro Sagrado, a Bíblia, citados são da versão da “Sagrada Bíblia, George M. Lamsa – traduções do texto Aramaico da Peshita, 1957”.
2 – Two Commentaries on the Jacobite Liturgy; trans. Dom. R.H. Connolly, and H.W. Codrington, Oxford 1913. (Dois comentários sobre a liturgia jacobita)
3 – Mar Severius Patriarca de Antioquia, The Sixth book of the Select Letter of Severus, Patriarch of Antioch, tradução E.W. Brooks, Oxford 1903, Vol II (O Sexto livro da Carta Escolhida de Severius, Patriarca de Antioquia).
4 – Mar Ignatius Ephrem Barsoum, The Spiritual Treasure on Canonical Prayer, 1956, traduzido do siríaco e árabe para o ingles, 1999. (O Tesouro Espiritual das Orações Canônicas).
5 – Mar Ignatius Ephrem Barsoum, History of Syriac Sciences and Literature – Syriac Patrimony, Quinta edição 1987, traduzido para o ingles por M. Moossa, Pueblo 2000. (História das ciências e literatura siríacas – patrimônio siríaco).
6 – C. Moss Catalogue of Syriac Printed Books and Related Literature no Museu Britânico, Londres 1962 (Catálogo dos livros siríacos impressos e literatura afim).
7 – Bar Hebraeus, The Candelabra of Sanctuary -Mnorath Kudxo, impressão árabe 1996 (O Candelabro do Santuário).
8 – Anaphorae Syriacae II.2, Anaphora Sancti Iacobi, Fratris Domini, edição e tradução Odilo Heiming – Roma 1952.
9 – The Sacrament of Baptism according to the Ancient Rite of the Syrian Orthodox Church of Antioch, 1974, traduzido do siríaco para o ingles, pelo Arquidiacono Murad Saliba Barsoum. (O Sacramento do Batismo segundo o antigo rito da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia).
10 – The Order of Solemnization of the Sacrament of Matrimony according to the Ancient Rite of the Syrian Orthodox Church of Antioch, 1974, traduzido do siríaco para o ingles pelo Arquidiácono Murad Saliba Barsoum. (A Ordem Solene do Sacramento do Matrimonio segundo o antigo rito da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia).
11 – M’hadhedono, Ancient Rite of the Syrian Orthodox Church of Antioch, 1984, traduzido do siríaco para o inglês pelo Arquidiacono Murad Saliba Barsoum. (Livro dos Ritos Antigos das datas comemorativas da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia).

ANEXO I
Cânones e instruções do NOMOCANON (HUDOYO) e outros cânones eclesiásticos em uso até os nossos dias na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia (ISOA) constantes no livro do Sacramento do Batismo conforme o Antigo Rito da ISOA.

1 – O Santo Batismo é o sacramento, portal, através do qual o ser humano entra para a fé cristã, portando, deve ser ministrado com a maior reverencia e consciência dos padres e deve ser recebido com fé verdadeira pelos fiéis.

2 – O Sacramento do Batismo deve ser ministrado no batistério da Igreja exceto em caso de necessidade em virtude de doença perigosa ou circunstâncias forçosas, então o batismo poderá ocorrer nas casas dos fiéis com permissão do bispo. Neste caso uma bacia larga e funda deve ser preparada para receber água a ser santificada. Esta bacia só poderá ser usada para o batismo. Este procedimento deve ser seguido também, nos países em que não temos Igrejas ou Casas de Oração.

Nota do tradutor: as casas de oração em verdade podem ser as casas dos sacerdotes ou diáconos nos países ou cidades em que não há igrejas ou ainda onde a comunidade local se reúne e ora muitas vezes até sem a presença de sacerdotes, hoje são comuns nos EUA.

3 – O bispo assim como o padre deve ministrar o sacramento do batismo completamente paramentado. O incenso deve ser oferecido de acordo com o ritual da Igreja.

4 – O batismo deve ser ministrado pela manhã após a Divina Liturgia a menos que a emergência requeira o ministério antes ou a qualquer outra hora.

5 – Para cada criança do sexo masculino deve haver um padrinho ortodoxo presente e para cada criança do sexo feminino deve haver uma madrinha ortodoxa presente.

Nota do tradutor: pelos acordos ecumênicos são aceitos padrinhos e madrinhas das quatro igrejas basilares: Antioquia, Alexandria, Roma e Constantinopla; acordos mais detalhados existem entre as chamadas Igrejas Ortodoxas Orientais que são a Siríaca Ortodoxa de Antioquia, Copta Ortodoxa de Alexandria – Egito e a Armênia Ortodoxa.

6 – Dois tipos de óleos serão utilizados no ministério do batismo. O óleo da unção – MEXHO – consagrado pelo bispo e ministrado antes da imersão. O outro óleo é o óleo da Crisma – MURON – que só é consagrado pelo patriarca, é o óleo da confirmação e é ministrado logo após o batismo.

7 – Os padrinhos antes de participar da cerimônia batismal devem com todo o respeito e pureza d´alma confessar e receber a Santa Comunhão. Eles têm também, a obrigação de orientar e instruir os seus afilhados ou afilhadas na religião cristã.

8 – O padre deve registrar o nome do novo (a) fiel já batizado(a) no Livro de Registro dos Batizados da Igreja. É adequado e recomendado que o (a) fiel batizado(a) receba um nome cristão.

9 – Quando um padre batiza crianças dos dois sexos na mesma cerimônia não é permitida a imersão simultaneamente na mesma água. Deve primeiro praticar a imersão da criança do sexo masculino só depois desta imersão deverá trocar a água e então praticar a imersão da criança do sexo feminino. No caso de batismo coletivo de crianças do mesmo sexo o padre procederá à imersão dos batizandos seqüencialmente a partir do mais velho para o menor.

10 – Se a criança ou a pessoa que pede o batismo está moribunda o padre batizará sem a imersão lançando um pouco de água sobre a testa e se possível sobre o corpo.

11 – O sacramento do batismo deve ser cumprido duas semanas após o nascimento a menos que uma emergência atrase a prática. Neste caso o batismo pode acontecer após um mês, mas não mais de dois meses preferencialmente.

12 – Um sacerdote batizará seu filho (a) só em caso de emergência ou quando não há outro padre da Igreja disponível.

13 – Se uma criança estiver moribunda, um diácono das categorias maiores (arquidiácono ou evangelista) podem batiza-la na ausência do sacerdote. Mais tarde se a criança sobreviver o sacerdote confirmá-la-á crismando-a com o óleo do crisma.

14 – Ainda numa emergência o sacerdote pode batizar mesmo depois de ter tido sua refeição. Numa emergência de vida ou morte o sacerdote deve usar a cerimônia de batismo abreviada de São Severius, Patriarca de Antioquia.

15 – Quando uma jovem ou uma senhora quer ser batizada o sacerdote deve lançar os óleos da unção e da crisma nas águas numa bacia grande e puxar uma cortina entre ele e a batizanda que veste nesta ocasião uma túnica branca. Depois confirmará a batizanda ungindo com o óleo da crisma na testa. Depois de colocar sua mão direita sobre a batizanda e batizando-a “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” a batizanda praticará a imersão sozinha três vezes na água. Antigamente as diaconisas e as freiras ungiam as jovens e as senhoras. Atualmente é recomendada a assistência da esposa do padre na unção de jovens ou senhoras. Da mesma forma se um homem será batizado o sacerdote seguirá as mesmas instruções, mas o sacerdote praticará a cerimônia só, isto é sem a participação de diáconos, diaconisas, etc… Depois da cerimônia as túnicas brancas devem permanecer na Igreja. Quanto às Águas Sagradas devem ser lançadas num poço limpo construído para esta finalidade e caso não haja devem ser lançadas num jardim.

16 – No caso do batismo dúbio de uma pessoa, isto é não se consegue provar com um certificado o padre batizará dizendo: “fulano (a) se você não foi batizado(a) eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

17 – A Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia aceita o batismo dos calcedônios, isto é das Igrejas Bizantina Ortodoxas e Católica Romana. Se um fiel é batizando em algumas Igrejas Protestantes devem ser crismados, ungido com o óleo santo da crisma – Muron – pois, estas igrejas não têm o óleo da crisma.

Nota do tradutor: Com base no V Encontro dos Patriarcas das Igrejas Ortodoxas Orientais – Siríaca, Copta e Armênia não são aceitos batismos das igrejas adventistas, mórmons e testemunhas de Jeová. Para maiores detalhes veja neste site a tradução da Ata do V Encontro.


O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
NA
IGREJA SIRÍACA ORTODOXA DE ANTIOQUIA

Mar Gregorios Youhanon Ibrahim
Bispo Metropolitano de Alepo e Cercanias – Síria

Tradução de Aniss Ibrahim Sowmy
Diácono Evangelista

1 – “NOMOCANON” – HUDOYO – é considerado uma das mais importantes fontes de leis canônicas da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia (ISOA) quando falamos de casamento. Mar Gregorios Youhanon Bar Hebroyo (Bar Hebraeus +1286) compilou algumas regras que datam desde os apóstolos além daquelas dos concílios ecumênicos ou mesmo concílios regionais, locais ou ainda algumas regras dos santos padres da Igreja. No Capítulo VIII Bar Hebroyo fala do sacramento do matrimonio como “MKIRUTHO” isto é noivado, no entanto, nos seis capítulos subseqüentes ele se refere ao sacramento como matrimonio. Desta forma sabemos que o sacramento do matrimonio é um dos sacramentos da Igreja ao menos no tempo de Bar Hebroyo.

Ao final deste texto listei algumas leis para dar uma idéia da sua importância para aqueles que buscam este sacramento. Por exemplo, tanto o noivo como a noiva deve confessar e comungar antes da cerimônia nupcial.

O sacerdote deve aconselhar cada um dos membros do casal como viver virtuosamente e abster-se das relações conjugais durante os dias prescritos pela Igreja. O sacerdote deve alerta-los, também, a respeito da desobediência dos mandamentos, pois este é um aspecto espiritual importante deste sacramento.

Os santos padres da ISOA consideram o matrimonio um sacramento – ROZO – instituído por Deus no Jardim do Éden como ensina o evangelista Mateus baseado no livro do Gênesis (1: 28): “o que Deus uniu ninguém tente separar” e “quando Deus os criou homem e mulher e colocou-os juntos para viver em harmonia, Deus os abençoou dizendo-lhes: frutificai, multiplicai e enchei a terra”. Deus confirmou seu trabalho depois do dilúvio quando disse a Noé e seus filhos: “sede frutíferos, multiplicai e enchei a terra”.(Gen. 9: 1-7). Isto no Velho Testamento.
Os santos padres da Igreja tomaram a presença de Cristo nas bodas de Canaã da Galiléia como um claro sinal da benção da Igreja ao sacramento do matrimônio (Jo. 2: 1-11). Este conceito é confirmado quando o apóstolo Paulo fala em sua carta aos efésios. A imagem da submissão da mulher ao homem torna-se clara a partir da relação de Cristo com a Igreja. Paulo diz: “assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também, devem ser as esposas em tudo aos seus maridos” (Ef. 5: 24)

Os santos padres concordam que Deus criou a humanidade homem e mulher. O homem representa Cristo e a mulher a Igreja. O amor de Cristo à Igreja é a base e é um bom exemplo para o casamento. Os santos padres apóiam São João Crisóstomo dizendo que o amor que une o homem e a mulher num só corpo representa a imagem da Santíssima Trindade – “quando um homem e uma mulher são unidos pelo matrimonio não buscam mais coisas materiais. Tornam-se ao invés na imagem do próprio Deus. O amor tem uma característica muito especial uma vez que os amantes não são mais duas entidades separadas, mas uma. Eles não estão unidos, mas são um. O amor muda a essência das coisas”.

Quanto ao objetivo do casamento não penso que a nossa Igreja difere das demais. O primeiro objetivo e a base do casamento é o amor conjugal que transmuta dois em um. Cada um dos esponsais busca e alcança o seu exterior a fim de se completarem. Depois disso é que vem o fato da propagação da raça humana citada no livro do Gênesis (1: 27 – 28). No entanto, não é o nascimento de uma criança que define o casamento. Muitas uniões matrimoniais não produzem crianças. É por isso que a Igreja abençoa os casamentos, cuja inteireza é o amor conjugal, mesmo que o casamento por alguma razão não gere filhos. A Igreja, entretanto não vê o casamento como legítimo se qualquer dos cônjuges tem a intenção de persistir na recusa de ter filhos.

A Igreja leva também, em conta o que Paulo disse ao povo de Corinto: “no que concerne às coisas que me escrevestes – é bom ao homem tocar a mulher, mas por causa da imoralidade sexual cada homem deve ter sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido. O marido deve dar a sua esposa seus direitos conjugais e do mesmo modo deve a esposa ao seu marido” (I Cor. 7: 1 -3). Também diz: “aos solteiros e viúvas digo que é bom para eles permanecerem solteiros como eu. Mas se não podem controlar-se devem casar, pois, é melhor casar-se do que arder na chama da paixão” (I Cor. 7: 8 – 9). Esta passagem considera o matrimônio um remédio para a cobiça sexual e a abstinência do adultério.

2 – As leis canônicas pessoais da ISOA são baseadas nas leis da Igreja que cuidam do sacramento do matrimonio. O sacramento do matrimonio não é legítimo se não for realizado por um sacerdote na presença do noivo e da noiva depois de terem participado das orações habituais da Igreja. A declaração do casal não é suficiente para legitimar o casamento. O sacerdote deve registrar o acordo que é firmado (assinado) pelo casal. O casamento ou cerimônia nupcial não pode ser realizado durante a quaresma.

O acordo de casamento é nulo nos seguintes casos:
– Se um dos esponsais já estiver vinculado por acordo a outro casamento,
– Se um dos esponsais declarar-se falsamente cristão, ou…
– Se um dos dois tem condições congênitas que constituam obstáculo ao casamento.

Existem semelhanças entre nossa Igreja e as outras Igrejas Cristãs quando se fala de anulamento ou divórcio:
– Se um dos dois se converter para outra religião não cristã ou não reconhecida como tal pela Igreja,
– Tornar-se irreparavelmente insano, ou…
– Tornar-se doente terminal, ou ainda…
– Houver conflito entre o casal que dure mais de três anos e apesar da mediação da Igreja o conflito não seja resolvido.
Estas são algumas das principais causas pelas quais o casamento pode ser anulado. O divórcio, no entanto, é permitido em caso de adultério consoante o que Cristo diz: “também é dito, que aquele que se divorciar da sua esposa deve dar-lhe carta de divórcio. Mas eu vos digo aquele que divorcia da sua esposa, exceto por causa da impudicícia incorre em adultério; e mais ainda aquele que casa com uma mulher divorciada comete adultério” (Mt. 5:31-32).

A qualquer custo as leis canônicas pessoais da Igreja insistem que o matrimonio é um sacramento. A poligamia não é permitida porque os dois deixarão o pai e mãe e viverão um para o outro. O matrimônio é a união entre dois e não mais que dois. Em caso de morte de um dos cônjuges ou mesmo anulamento a Igreja não se manifesta contra um novo casamento.

3 – O Ritual da Cerimônia Nupcial usado na nossa Igreja foi estruturado por São Tiago de Edessa (Mor Yacoub d´Urhoi +708) e contem duas partes:

A primeira parte inicia-se com a afirmação pública pelo noivo e pela noiva que estão se casando por sua livre e espontânea vontade. Isto é exigido de acordo com os ensinamentos dos apóstolos; também é declarado que no casamento não há divórcio e cada um dos nubentes tem de responder “SIM” em público; só então o ritual tem inicio com o sacerdote proclamando: “Que o início da nossa alegria, inteireza e regozijo seja em Deus”; ele segue com os salmos e cantos e a oração para o casal para que a harmonia e a concordância estejam sempre com eles. Depois de nova oração as alianças são abençoadas com a seguinte oração:

“Ó Senhor Jesus Cristo, noivo da verdade e da justiça, Vós firmastes aliança para Si entre a Igreja e os gentios e com o vosso sangue redigistes o feito de dádiva e através dos vossos cravos entregou-lha uma aliança. Assim como a aliança da Santa Igreja foi abençoada; abençoa, Ó Senhor estas alianças que agora entregamos ao vosso servo e no por vosso meio. Esta é a aliança pela qual Sara se uniu a Abraão, Rebeca a Isaac e Raquel a Jacó. Através desta aliança todo o poder e autoridade no Egito foram entregue a José. Por esta fiança foi entregue e tornou-se grande na presença do rei. Com esta aliança o filho pródigo foi aceito. Com a verdade desta aliança o justo obteve a vitória, e com sua fama os mercadores tornaram-se ricos. Grande, portanto, é o penhor desta aliança. Esta é a aliança que convida as raças e as gerações aos noivados e às festas dos casamentos e junta aqueles que estão distantes e as relações mútuas se completam entre eles. Com esta aliança as mulheres se noivam aos homens. Com esta aliança os noivos e as noivas se unem em matrimonio. Abençoa meu Senhor estas alianças para que se tornem o sinal e o selo do verdadeiro noivado da nossa filha espiritual (fulana) com o nosso filho espiritual (fulano). Que eles recebam as bênçãos celestiais e criem seus filhos e filhas virtuosas. Com a vossa graça possam eles alcançar o cumprimento pleno da sua promessa. Rejubilem e exultem, deixe-os oferecer exaltação e glória a Vós agora e para sempre, Amem”.

Depois desta oração o sacerdote diz: “sejam estas alianças abençoadas e que sejam para o cumprimento da alegria dos filhos da Santa Igreja. Abençoa meu Senhor em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amem”.

Em seguida o sacerdote entrega a aliança ao noivo enquanto recita uma breve oração. Depois entrega a aliança à noiva. Logo depois é a vez dos fiéis presentes ao casamento, o sacerdote dirige-se a eles dizendo: “a vocês meus fiéis irmãos que viestes tomar parte neste testemunho justificado por Deus, que Ele vos garanta uma grande recompensa e vos conceda todas as coisas sãs em todos os tempos. Que a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo vos guarde dia e noite de todo o mal e das suas hostes para sempre, Amem”.

A segunda parte da cerimônia começa com uma pequena oração, cantos e salmos. Segue a leitura da carta de Paulo aos efésios 5: 22 – 33. Esta passagem deve ser lida por um diácono e dirigida tanto aos homens como às mulheres enfatizando que o mesmo amor que os une é igual ao amor de Cristo à Igreja. Ninguém maltrata seu corpo, mas alimenta-o e dele cuida assim como Cristo cuida da Igreja. Depois da carta de Paulo, o sacerdote lê o evangelho. A tradição da nossa Igreja manda que se leia Mateus 19: 3 – 11, mas às vezes o sacerdote pode também ler a passagem das bodas de Canaã, terminada a leitura do evangelho tem início a benção das coroas ou grinaldas.

“Senhor que adornastes o firmamento com luminárias, o sol, a lua e as estrelas, ó Senhor que coroastes a terra com frutos, flores e florações de todas as espécies; Jesus Cristo que coroastes reis, sacerdotes e profetas; ó clemente que outorgas Seu triunfo aos seus adoradores quando retornam do seu combate para manter a fé; Vós que coroastes o rei Davi com a coroa em volta da terra; ó Bondoso que abençoastes o ano com a Sua graça, estende Sua Mão Direita cheia de misericórdia e compaixão sobre as cabeças que receberão estas coroas. Concedei-lhes o feito de poder coroar seus filhos com virtude, justiça e alegria. Que a vossa paz e concórdia estejam para todo e sempre em toda a extensão das suas vidas, Amém”.

Ao final o padre abençoa as coroas e as cabeças a serem coroadas, em seguida toma das coroas e movimenta-as em forma de cruz sobre as cabeças da noiva e do noivo cantando três vezes esta canção alternando respostas a cada vez com o canto dos diáconos:

“A grinalda na mão do Senhor vem descendo do céu, convém ao (a) noivo (a), é a coroa que o sacerdote (ou prelado) põe sobre a cabeça do (a) noivo (a)”.

Quando coroa o noivo diz:

“Que Deu te coroe com a coroa da virtude, glória e boas obras para sempre!”

Quando coroa a noiva diz:

“Que Deus te coroe com a coroa da modéstia, virtude e justiça!”

O sacerdote entrega a noiva após uma curta oração para o padrinho e a madrinha. O sacerdote normalmente dá os conselhos finais ao noivo como, por exemplo:

“Querido filho (fulano) esta nossa filha (fulana) deixou seus pais e irmãos, e, ela confia a si mesma a você casando-se contigo e tornando-se sua esposa, portanto, cuida dela e cumpra tudo que se faz necessário para sustenta-la, preocupe-se com a sua alimentação, bebida, vestuário e na manutenção do lar, cuida e protege-a, em tudo sê justo com ela, trate-a com carinho, lida com ela de forma agradável e esteja sempre pronta para fazer-lhe o bem”.

Do mesmo modo o padre fala à noiva:

“Querida filha (fulana) nós te exortamos obedecer ao teu marido e sê fiel a ele, sê gentil com ele como a pomba é com o pombo em devoção”.

Quando o padre entrega a noiva ao noivo colando a mão da noiva na mão do noivo diz:

“Queridos filhos temos um hábito herdado dos nossos santos padres que vos surpreenderá e vos tornará aplicados. Saibam que vocês estão perfilados na presença de Deus que examina a intimidade dos teus corações diante do santo altar, da cruz, do adorado evangelho e na presença desta assembléia. De agora em diante confiamos um ao outro e vos declaramos marido e mulher. Deus, Ele mesmo está entre vocês e eu. Sou inocente dos vossos erros”.
Considera ó filho que esta tua esposa cuja mão colocamos nas suas, e que confiamos a Deus e a você, segura-a diligentemente, lembra que terás de responder por ela na presença de Deus no dia do Juízo Final!”
Senhor Deus proteja os seus servos sob as asas da vossa misericórdia e abrigai-os, tornai suas vidas prósperas e seus dias felizes, que a vossa destra os guie e que eles vos exaltem cantando incessantemente. Amem.”

Em alguns locais costuma-se cantar o trisagon depois desta oração, em seguida removem-se as coroas enquanto é recitada a oração especial, neste momento o padre abençoa o casal lembrando-os a benção de Deus a Abraão e Eva, Noé e Xia, Abrão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó e Raquel, José e Asiat e o rei e salmista Davi. O sacerdote encerra com esta súplica:

“Tornai Senhor este abençoado casal êmulo de grandes trabalhos virtuosos, deixando de lado estas coroas temporárias tornai-os dignos ó Senhor de estar entre os vossos convidados na Ceia Celestiais e dignos das coroas eternas e imperecíveis, pois, com elas eles poderão vos exultar e glorificar e ao vosso Pai e ao vosso Espírito Santo agora e para sempre, Amém”.


Em resumo existem certas condições para este sacramento. O primeiro elemento deste sacramento é o consentimento mútuo de que vão manter a promessa marital até que a morte os separe; segundo, a imagem deste sacramento é a benção recitada duas vezes pelo sacerdote, inicialmente abençoa as alianças e depois abençoa as coroas ou grinaldas, esta parte mostra a participação do Espírito Santo no sacramento.

O sacramento do matrimonio é também conhecido em aramaico ou siríaco de “KLILO” referindo-se às coroas colocadas sobre as cabeças do casal, isto simboliza que um pertence ao outro. O celebrante do casamento é o padre, ninguém pode substituir o sacerdote por isso a Igreja não reconhece uniões fora dela.
ANEXO II

Cânones e instruções do NOMOCANONO (HUDOYO) e outros cânones eclesiásticos em uso na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia no livro da Solene Ordem do Sacramento do Matrimonio segundo o rito antigo da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia.

1 – Quando se tornou necessário a todos o reconhecimento do matrimonio como uma instituição honrada buscando preservar a vida humana, foi considerado apropriado que o casamento devia ter início na puberdade nominalmente na idade indicada pelos cânones da Igreja quando o casal alcançou maturidade tanto física quanto mental. Além disso, o casamento só deve ocorrer quando o casal é capaz de exercer o livre arbítrio e compreender suas obrigações naturais da vida matrimonial. Mesmo assim no tempo de noivado, o noivo deve ter no mínimo dezesseis anos e a noiva no mínimo doze anos, e, embora na cerimônia de casamento o noivo deva estar com dezoito anos e a noiva catorze, é preferível e mais adequado que a noiva tenha no mínimo dezesseis anos de idade. Hoje é exigido a aprovação ou consentimento dos pais nos casos em que o noivo ou a noiva é considerado menor de idade pelas leis do país onde vivem.

2 – Antes da cerimônia de noivado o sacerdote deve investigar e estar certo que:

a-) tanto a noiva como seu pretendente não estão compromissados com outra pessoa.
b-) que a noiva não é divorciada e o seu pretendente não tenha restrição legal.
c-) que nenhum relacionamento consangüíneo, tutela ou relação conjugal une o casal pelos cânones da Igreja.
d-) que as duas parte são saudáveis, livres de doenças contagiosas e deformações proibitivas segundo as leis seculares, e, estão de acordo em conseguir um documento expresso consoante as leis civis de uma autoridade médica.
e-) que a cerimônia nupcial não seja realizada em dia proibido pela Igreja.


3 – O sacerdote não celebrará o noivado e a cerimônia de casamento se não tiver absoluta certeza que o casal deseja a união por sua livre e espontânea vontade sem nenhuma pressão. Ele, sacerdote, deve questionar a noiva sobre o assunto, e, não deverá de forma alguma se satisfazer com a resposta dos pais ou parentes.

4 – As duas testemunhas do casamento devem ser maduras, pias, fiéis ortodoxas e não devem ser parentes do noivo ou da noiva.

5 – É recomendável observar um período razoável entre o noivado e o casamento possibilitando ao casal o conhecimento mútuo a fim de entrar na santa instituição do matrimônio sem proibições.

6 – O sacerdote não celebrará cerimônia de casamento sem primeiro obter uma permissão expressa do bispo da diocese ou seu representante.

7 – Uma noiva cristã, mas não ortodoxa pode casar-se com uma permissão do bispo ou seu representante permitindo-lhe seguir a Igreja do noivo.
8 – Tanto o noivo quanto a noiva devem confessar e comungar antes da cerimônia de núpcias.

9 – A cerimônia nupcial deve ter lugar na Igreja e só se por absoluta necessidade tenha de ser realizada em casa.

10 – Durante a cerimônia o sacerdote colocará as coroas ou grinaldas sobre as cabeças dos nubentes.

11 – Só o sacerdote, pároco responsável, tem o direito de realizar a cerimônia nupcial. Outros padres poderão realizar a mesma cerimônia com permissão especial do bispo da diocese ou a convite do pároco.

12 – O sacerdote casado não deverá realizar a cerimônia de núpcias da própria filha exceção feita à impossibilidade da presença de outro sacerdote, ele pode atuar como representante da filha no casamento, mas não pode ser testemunha, isto é padrinho.

13 – Durante a cerimônia de núpcias a noiva estará à direita do noivo e a madrinha da noiva à direita da noiva portando uma vela acesa na mão direita. O padrinho estará à esquerda do noivo com uma cruz na mão direita.

14 – A cerimônia de casamento de um viúvo só poderá ocorrer no mínimo quarenta dias após a morte da esposa e o casamento da viúva só será realizado dez meses após a morte do marido.

15 – A cerimônia de viúvos e viúvas consiste num rito especial não incluindo a benção das alianças e coroas. Se a cerimônia for o primeiro casamento tanto do noivo como da noiva, só ele ou ela receberá a benção das alianças e coroas.

16 – Logo depois da cerimônia nupcial o sacerdote registrará a data do casamento no Livro de Registro de Casamentos da Igreja com os nomes completos do casal nubente, os nomes do padrinho e da madrinha. Ele, sacerdote, deverá registrar o próprio nome no registro do ato e se o bispo concedeu permissão especial de qualquer teor para a realização do casamento, também, deve ser registrada no livro. Uma cópia deste registro, ou seja, a Certidão de Casamento deve ser imediatamente entregue ao casal assinado pelo sacerdote ou prelado que oficiou o sacramento.


As leis pessoais dos cânones
Capítulo VI
DO MATRIMÔNIO

Art. 18:
O casamento só é legal quando celebrado por um sacerdote autorizado para esta finalidade pelo arcebispo da arquidiocese ou por seu representante quando o arcebispo está ausente e só depois de ele estar absolutamente certo que o casal está desejoso e concorda em casar-se e que estão em condições de cumprir as demais condições abaixo.

Art. 19:
Uma autorização é emitida pelo arcebispo da arquidiocese ou por seu representante legal na ausência deste com base no requerimento do sacerdote, pároco, do casal que busca se unir em matrimonio. O pároco é responsável por qualquer violação encontrada no requerimento da permissão para a realização do casamento.

Art. 20:
A cerimônia nupcial é pública e é presenciada pelo casal nupcial depois de perfazer todas as exigências eclesiásticas normais como a confissão e a comunhão. O sacerdote abençoa os dois anéis e as coroas na presença de no mínimo duas testemunhas além do padrinho e da madrinha, mesmo que no casal um dos dois seja viúvo.

Art. 21:
Só a declaração do casal não é prova suficiente de união matrimonial, deve ser fornecida uma certidão emitida pelo sacerdote que abençoou a união.

Art. 22:
O casal nubente ou uma das partes deve ser siríaco ortodoxo.

Art. 23:
Se uma pessoa busca casar alguém em outra arquidiocese ou é de um país estranho, deve obter uma certidão da sua autoridade espiritual Mais ainda se uma das partes do casal não é siríaco ortodoxo, então este deverá:

1 – apresentar uma certidão do seu líder espiritual afirmando que ele não é noivo ou casado, e, na impossibilidade deve apresentar uma testemunha honesta.
2 – declarar expressamente que busca filiar-se à Igreja Siríaca Ortodoxa prometendo obedecer a suas estatísticas e regulamentos estabelecidos pelos seus princípios religiosos e civis, e, então será aceito na Igreja.

Art. 24:
O casamento não deve ser celebrado nos dias de Quaresma.

Art. 25:
Não é permitido contestar ou revogar um contrato de casamento exceto pelas razões indicadas no capítulo de Anulamento do Casamento.

Art. 26:
Se um casal que pertencia a outra denominação cristã unir-se à Igreja Siríaca Ortodoxa, qualquer desentendimento entre ele deve voltar-se para a corte eclesiástica da denominação que realizou o matrimônio. No entanto, se ambas as pessoas casadas uniram-se à Igreja Siríaca Ortodoxa, terão, após um ano de se submeter às regras da corte da Igreja com consideração para as leis locais.

Art. 27:
Se num casal, uma das partes se converte a outra denominação ou religião, esta conversão não se aplica sobre a outra parte que permanecerá só sob a jurisdição e leis matrimoniais, obrigações e pertinências da Igreja Siríaca Ortodoxa.