Enciclica 2007

ÉDITO PASCAL 2007

Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “vinde a mim todos os que andam em trabalho, e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso, e humilde de coração: e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu ônus é leve”.(Mt. 11: 28-30).

Mansidão e Humildade

Caros fiéis:

Humildade e mansidão são duas virtudes celestiais valiosas. Uma completa a outra. Com a nossa humildade glorificamos Deus e confessamos suas bênçãos abundantes sobre nós, pois Ele é o nosso Criador e o que cuida de nós. Devemos sempre dar continua gratidão a Ele, reconhecendo nossa fraqueza e pedindo por sua misericórdia. Todas as benesses celestiais ou terrenas que gozamos em vida emanam livremente de suas mãos, portanto, não temos o direito da presunção, mas sim de admitir Sua graça e evitar a arrogância que nos afasta dEle e bloqueia nossos sentidos de ouvir suas palavras conduzindo-nos à auto-adoração e ateísmo. Devemos permitir que a humildade preencha nossos pensamentos e corações com a luz de Cristo que vai aliviá-los (os pensamentos) através da fé e da dependência de Deus confessando o fato da fé inspirada em Deus Todo Poderoso e na sua Santa Bíblia. É assim que glorificamos o seu santo nome recitando o autor dos Salmos dizendo: “Não a nós, Senhor, não a nós, Mas ao vosso nome daí a glória…”(Salmos 113B: 1).

Por isso a virtude da humildade é a base de todos os valores cristãos e seu mais avançado estagio. E a mansidão é a fruta madura e companheira de toda luta espiritual. Quando a humildade estiver firmemente estabelecida no coração e na mente da pessoa, torna-se um bem da alma. As pessoas ao seu de redor senti-la-ão no seu comportamento porque ele tem mansidão e é capaz através da sua coragem espiritual enfrentar o diabo maldito e sobrepor-se às tentações através do poder dado por Deus a ele para se controlar das agressões e se afastar da ira e da malícia. Ele se aterá aos dizeres de Deus: “Eu, porém digo-vos, que não resistais ao que vos fizer mal; mas se alguém te ferir na tua face direita, oferece-lhe também a outra. E ao que te demandar em juízo, e tirar-te a tua túnica, larga-lhe também a capa”.(Mt. 5: 39-40) e mais ainda “Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos tem ódio: e orai pelos que vos perseguem e caluniam. (Mt. 5: 44) – apenas desta maneira a mansidão torna-se a segunda natureza onde tratamos as pessoas com amor e bondade, e seremos amados de Cristo que ordena-nos a aprender com Ele, pois Ele é manso e Candido de coração. Estas duas virtudes – mansidão e humildade – foram claramente demonstradas no seu comportamento durante sua santa missão terrena. Amou as crianças e elas retribuíram amando-O. Simpatizou-se com as mulheres e teve piedade dos pecadores que queria trazê-los de volta para o caminho do arrependimento. Ele também perdoou seus inimigos e aqueles que O odiavam. Ensinou-nos estas duas virtudes com palavras e atos. Se nos ativer a Ele e seguir sua trajetória estaremos em paz como o Senhor e nos entregarmos à sua boa vontade em tempos de paz e em tempos de necessidade então encontraremos alívio íntimo e obteremos paz mental e consciência. Amando a Deus que nos amou; guardar seus mandamentos e refreando suas proibições, mantendo as obrigações eclesiais, estando em paz com o próximo, perdoando suas ofensas, amando-o e orando por ele de acordo com o mandamento de São Paulo a Timóteo: “que corrija com modéstia aos que resistem à verdade: na esperança de que poderá Deus algum dia dar-lhes o dom da penitencia, para lhes fazer conhecer a verdade.”(2 Tim. 2; 25).

Através da Sua mansidão e humildade, Nosso Senhor Jesus corrigiu o mundo, fazendo-o entender os valores celestiais e a refinada moral. Mansidão que era considerada fraqueza depois do nascimento de Jesus tornou-se um poder espiritual forte no Cristianismo. E, a humildade que era considerada humilhação no passado, tornou-se estimada e em alta consideração como um sinal claro de vitória sobre o maldito demônio e seus seguidores. Tornou-se a condenação do seu orgulho que os conduziu para o abismo tornando-os inimigos de Deus e da humanidade. O orgulho, também, foi cometido pelos humanos que se rebelaram contra Deus o Criador, e foram penalizados com a morte. E para salvar o homem do pecado e retornar à vida, Ele tratou-o (tratou o homem) com humildade e ordenou-lhe ser manso dizendo aos Seus discípulos: “Vede que eu vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede logo prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.(Mt: 10:16).

Sim, de fato, os discípulos concretizaram a grandeza do seu Mestre celestial. E eles reconheceram sua própria debilidade e sua constante necessidade do seu Senhor. Jesus explicou-lhes este fato dizendo: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como a vara da videira não pode de si mesmo dar fruto, se não permanecer na videira: assim nem vós o podereis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós outros as varas: o que permanece em mim, e o em que eu permaneço, esse dá muito fruto, porque vós sem mim não podeis fazer nada”.(Jo. 15: 4-5).

Meus amados:

Nestes tempos difíceis, nossa Igreja enfrenta um período difícil tomando um rumo decisivo e perigoso na sua história atual. Imigração caótica dispersa nosso povo em rumos obscuros do mundo afastando-os de suas raízes históricas e dos valores espirituais herdados dos seus antepassados. Mais ainda, são alvos dos inimigos da verdade que tentam capturá-los nas suas redes de artimanhas tantos nos seus lares antigos como nos novos. Existem as velhas heresias e as novas organizações que proclamam ser cristãos enquanto os cristãos os renegam. Seus seguidores vêm como lobos disfarçados de ovelhas tentando capturar o rebanho de Cristo. Existe orgulho, a origem de todos os pecados, que produziu alguns seculares que vieram com idéias fúteis tentando controlar a Igreja e violando sua estrutura organizacional que foi divina e não humanamente estabelecida. A Igreja é uma instituição espiritual e é o Corpo Sacramental do Senhor que é a sua cabeça. Ele delegou aos Seus discípulos a servir fielmente. Deu-lhes autoridade para administrar e gerir seus assuntos e cuidar dos seus membros. Eles são os verdadeiros representantes e protetores da doutrina religiosa, nome, cultura, linguagem, tradição, civilização e característica celestial que foram confirmados através das gerações. Cristo está no meio dela e ela nunca tremerá, Ele prometeu dizendo: “e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt. 16: 18). Qualquer um que se opuser será vencido, pois sua autoridade (a autoridade da Igreja) é do céu, portanto, no espírito de mansidão e humildade recomendamos e pedimos àqueles que se distanciaram que retornem à obediência da Igreja para que o céu se rejubile no pecador que se arrepende e nós lhes daremos as boas vindas na Igreja. Mas, por outro lado se insistem em lutar conta a Igreja e espalhar o caos entre os fiéis, fazendo ouvidos moucos dos seus verdadeiros pastores, então usaremos nossa autoridade espiritual para defender nossa crença e nossas honoráveis tradições disciplinando aqueles que se rebelam contra as leis da nossa Igreja. E como São Paulo dizemos: “Tirai do meio de vós outros a este iníquo”. (1Cor. 5: 13).

Amados:

A santa ocasião da Quaresma é uma oportunidade áurea para o engajamento espiritual em seguir a Deus em Sua humildade e mansidão e a praticar estas preciosas e estimadas virtudes. Vamos exibir a nossa fé através do nosso trabalho especialmente os atos de misericórdia e caridade, ajudando os pobre e necessitados, cuidando dos órfãos e das viúvas, e através do nosso amor à nossa Igreja Siriaca Ortodoxa, suas leis, regras e cânones, língua, rituais e ensinamentos dos santos padres.

Que Deus aceite seu jejum e suas orações, e torne-vos dignos de celebrar Sua ressurreição dos mortos com júbilo, alegria e bênçãos. Que sua graça esteja sempre com vocês.

Pai nosso…

Editado em Damasco pelo Patriarcado, no dia 20 de Janeiro de 2007 do Senhor, o 27º. Aniversario da nossa administração patriarcal.